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terça-feira, 25 de abril de 2017

Palestra- Famílias e o Conflito de Gerações

O psiquiatra Marco Aurélio Crespo palestrou sobre o tema "Famílias e o Conflito de Gerações", hoje, dia 25/04, no Grupo de Estudos de Direito de Família, abordando a constituição e as principais características da família, do ponto de vista psicológico, assim como sua importância central no desenvolvimento da identidade e personalidade do indivíduo. A presidente do instituto, Sulamita Santos Cabral, foi quem o recepcionou.

Foram descritos pelo especialista, em uma visão psicológica e psicodinâmica, os principais eixos organizadores de uma família e a criação de uma identidade familiar, que confere aos seus membros um sentimento de pertencimento consciente e mesmo inconsciente, criando uma espécie de habitat. “Como todo agrupamento humano este também não estará livre dos conflitos inerentes ao existir no mundo das relações, e uma das formas de expressão destes conflitos é justamente o que se estabelece entre diferentes gerações”, explicou Dr Marco Aurélio. 

De acordo com ele, o habitat interior da família é criado por meio de uma representação compartilhada entre seus membros, formando a base do reconhecimento grupal. Geração, no entendimento do psiquiatra, é o intervalo entre pais e filhos. “No entanto, os blocos geracionais parecem acontecer a cada 10 anos, como atestam historiadores”, explanou. Para exemplificar, citou que um casal que contraia o matrimônio em 2018 e que tenha filhos em 2020 não verá seus filhos formarem a própria geração. 

“A cada 10 anos recriamos nossa cultura, nossos valores, nossas preferências, nossos interesses artísticos, nossos pontos de vista políticos e nossos heróis”, observou, acrescentando que, assim, cada geração cria sua própria década e, em qualquer época, existirão sempre dois conjuntos de linhas geracionais por causa de uma geração interposta. 

No que concerne aos objetos geracionais, Marco Aurélio informou que tratam-se de fenômenos utilizados para dar sentido de identidade de gerações. Destacou que uma geração é a massa de pessoas que compartilha os mesmos objetos geracionais que moldam a visão da realidade social. Por outro lado, lembrou que uma geração pode cultuar objetos de outra época, dentro do sentido histórico-afetivo.

No seu entendimento, a violência geracional é essencial para a formação da identidade de uma geração. “Por uma quebra na estética e nos valores da geração anterior, se percebe a formação de uma nova”, esclareceu. Nesta linha de pensamento, salientou que a geração emergente geralmente choca a mais velha com novos paradigmas e novos comportamentos. “Cada geração seleciona seus próprios objetos, pessoas e acontecimentos geracionais e cria suas próprias memórias e sentidos”, declarou.

Por meio de seus estudos e experiências, Marco Aurélio informou que a tomada de consciência de pertencer a uma geração acontece, geralmente, por volta dos 30 anos, quando já se pode ter uma visão mais ampla da infância, da adolescência e do início da vida adulta.

Segundo o psiquiatra, cada classe, raça e gênero social situam-se de maneira diferente nas suas relações com a consciência de seu tempo, tornando cada geração mais rica e complexa. Para concluir, destacou que há muitas pessoas que ainda rejeitam o que chama de consciência geracional, ou seja, vivem como se estivessem ainda na sua geração.

Após a exposição, o psiquiatra debateu com o público sobre os principais conflitos percebidos pelos profissionais que trabalham nessa área do Direito.

Terezinha Tarcitano
Assessora de Imprensa







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